domingo, 23 de novembro de 2008

Se nada disso funcionar ... experimente me amar!

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenha vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar para a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte!

Se nada disso funcionar ... experimente me amar!

(Martha Medeiros)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Recebi do Peu...

"Não se trata de quem vai atirar a primeira pedra, mas quem vai começar a construir com ela"

Talvez (não sei porquê, mas talvez) sejamos nós (mesmo) os responsáveis por dar o primeiro passo pra nossa felicidade. E por que não, oras, se somente nós mesmos conhecemos cada canto, cada detalhe, cada traço do nosso castelo de força, magia, sonhos, purezas, incertezas, travessuras...
Arquitetar esta vida é, quem sabe, andar a curtos e -principalmente- precisos passos. É fazer deste conhecimento que temos, o conhecimento do nosso castelo - o conhecimento da nossa vida, algo útil, valioso, estimável! Precisamos estar sempre dispostos a receber o que o mundo tem para dar. Sejam boas ou não as circunstâncias e as ofertas... O importante é saber manipular...tornar os fios da vida cada vez mais maleáveis.
Aí contornamos os obstáculos...Usamos as pedras e deixamos o fundo de um rio, mais raso. Aí está a felicidade: Na sabedoria do ser.

Adoro sua alma...
Você me inspira, moça divina!

domingo, 16 de novembro de 2008

A véia tarada

Se te pareço noturna
e inperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim,
como se tu me olhasses
E era como se a água
Desejasse...


Adoro Hilda Hilst!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

veículo do furor

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.


Manuel Bandeira... aquele que sonda os corações...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Dia das Bruxas da Wanda


Libero a energia que me prende ao passado.
Neste instante, o karma que nos liga é cortado.
A partir de agora somos livres para novas experiências.
Que a felicidade e o amor se manifestem plenamente em nossas vidas.
Eu te libero... Siga em paz...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Respirando outros ares


eita poluição boa...

Ode à simplicidade do prazer

Em A Insustentável Leveza do Ser (Milan Kundera), Tomas dizia para si mesmo que fazer sexo com uma mulher e dormir com ela são duas paixões não apenas diferentes, mas quase contraditórias.
É verdade que o amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor, porque esse desejo se aplica a uma multidão...
Mas o gesto de permanecer ao lado da mulher por um noite inteira, entregar seu sono e sua fragilidade é uma atitude, sim, de leveza. E pode até ser que essa leveza se torne insustentável com o passar do tempo, assim como revela o livro. Porém, ainda creio que a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam à condenação, assim como certos sentimentos são imperativos...

Gostei muito. Fora todas as teorias mirabolantes, no fim é isso o que importa!

"A eternidade é o estado das coisas neste momento" (CL)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Erotica

O casamento de Isabelle

Alberta Sordi (*)

Para chegar à casa onde Isabelle morava com o futuro marido, precisei me equilibrar na tábua estreita que fazia as vezes de ponte sobre o esgoto clandestino. Belle, como gostava de ser chamada, esperava à porta sorrindo. O calor de janeiro lhe fazia escorrer a maquiagem, formando um bigodinho de gotículas coloridas. Os 36 metros quadrados onde vivia o casal estava todo enfeitado: lençóis de cetim vermelho sobre o colchão sem cama, um manequim de loja vestindo apenas um boá fúcsia, almofadas de astrakan em forma de coração. O casamento estava marcado para o dia seguinte, e eu seria a madrinha. “O Marcos já vem”, disse, e notei que ela quase quebrou a unha ao abrir uma latinha de cerveja.
Conheci Belle quando ela ainda se chamava Gustavo, em Blumenau. Alto, loiro, forte, bronzeado, um deus. Dentro daquele corpanzil, porém, dormia uma dama delicada que sonhava ter seios e deixar o cabelo crescer até a cintura. Único filho homem de família tradicional, Gustavo era a esperança do pai, empresário descendente de alemães. “Isso aqui, meu filho, é o teu futuro. Daqui uns anos, quando eu me aposentar, quero te ver no meu lugar”. À noite, depois que as luzes da mansão se apagavam, Gustavo chorava. E foi também no escuro que Gustavo deixou seu passado sem despedidas.
A vida na Capital começou miserável. Com a ajuda de Marcos, que ele conhecera na rodoviária, ganhou o direito de fazer michê na Ivo Silveira. Cada trocado ia para a “caixinha do futuro”, onde Gustavo guardava a realização de seus sonhos. Dois anos e muitas batalhas depois, nasceu Isabelle. No início, a voz ainda soava grossa, os seios demoraram para ganhar os contornos desejados. Quando foi possível, os implantes de silicone melhoraram a aparência da loira alta. “Não tô igual à Vera Fischer?”, perguntava, exibida diante do espelho. Marcos, que passou a agenciar os encontros, concordava apaixonado.
Agora, Isabelle e Marcos vão casar. A cerimônia, na praia, será celebrada por um ator vestido de padre. “Nenhum padre quis casar a gente, aí esse meu amigo se ofereceu. Pode não ser um casamento de verdade, mas pra mim é como se fosse. Se tem amor, não precisa de papel”, ela explicava sempre que alguém queria saber. E eu, de madrinha, estava toda orgulhosa.
Fim de tarde, nada do Marcos. O telefone tocou umas oito vezes, todos clientes querendo programa. “Vou cancelar o que for pra amanhã, mas hoje ainda dá pra rolar uns três”, avisou. “Fica aqui por enquanto, se o Marcos chegar fala pra ele que até a meia-noite eu tô de volta”. Abri outra cerveja e esperei.

(*) Alberta Sordi perdeu três quilos
de tanto pular na Passeata da Diversidade

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Os longos cabelos de trigo

O cheiro da pele, o toque de veludo, os cabelos de trigo grudados de suor... O beijo nem tão delicado, nem tão maldito, nem tão esperado.
O sono já era bem-vindo, quando senti tuas mãos invadindo meu corpo e o calor da tua boca dilacerando meu sexo. Nunca te havia imaginado em mim, não desta forma.
Com a plenitude das almas enamoradas, me entreguei a ti, surpresa com gosto de baunilha. Preenche meu vazio, invade meus sonhos, me dá novo sopro para que assim siga meu caminho sem perder o rumo.
Arrancou de mim o gozo, o suspiro, o devaneio. Conquistou em mim uma nova forma de ver o mundo, de enxergar as pessoas, de reler quem amo, de amar de forma múltipla.
No gesto de domingo, muito mais que volúpia... redenção!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Nunca mais

Alberta Sordi (*)

Wendy acordou num sobressalto. Mal conciliou o sono e pulou em tropeço, ouvindo um tilintar suave e contínuo. Peter, grudado à janela, batia de leve no vidro:
- Wendy! Me deixe entrar!
Sorrateira e tentando não fazer ruídos, Wendy soltou a tranca, e Peter entrou pulando. Era madrugada e Wendy, fazia pouco, desmontara-se para descansar antes que o sol lhe viesse queimar as pestanas.
- Peter, o que faz aqui? Fritei por horas até que Morfeu viesse e quando, finalmente, eu estava em seus braços, você me acorda. (alheio a tudo, Morfeu roncava na cama, as coxas de ébano brilhando contra o lençol)
- Wendy, vamos para a Terra do Nunca.
- Mas logo hoje? Passei a noite numa plataforma 15, montada e maquiada, fui hostess, stripper, paguei mico e michê, tô morta e amanhã pego cedo no banco!
O traje verde-esmeralda de Peter contrastava com a camisolinha azul-turquesa de Wendy.
- Wendy, pega teu cartão de crédito que numa piscada a gente viaja.
Relutante e cheia de pruridos, Wendy vasculhou a bolsa de fuxico onde ela guardava toda sua vida: RG, CPF, um batom vinho-disco da Avon, carteirinha de doadora de órgãos e um cartão de débito (porque crédito ela não tinha nem pro cigarro).
- Tá aqui o cartão. E agora?
Peter limpou o tampo do toucador (uma espécie de penteadeira com espelho oxidado e perfumes de camelô) e despejou o que seria a passagem dos dois para outra vida.
- Mas Peter! Isso é pó!!!
- Sim, Wendy. Pó de pirilimpimpim! Basta um longo suspiro e acordaremos na Terra do Nunca.
Assustada, mas curiosa, Wendy aspirou fundo ao mesmo tempo em que vislumbrava na paisagem da janela aberta uma nesga de luz. “É o sol”, pensou. Peter segurava sua mão, enquanto o chão lhe fugia dos pés. A cidade pequenina despertava sozinha bem lá embaixo, a Terra do Nunca nunca esteve tão próxima, tão real. Nunca sentir-se estranha, nunca fazer linha, nunca fingir, nunca mais sofrer.
(...)
Um DJ croata comandava o after hours na Terra do Nunca. Pista lotada.
- Peter, quem é aquela loirinha de minissaia?
- É Sininho.
Wendy badalou sem limites. E perdeu a hora no banco.
- Quem mandou o crocodilo engolir o despertador?


(*) Alberta Sordi tem a idade dos papiros, mas nunca fez plástica.

O tempo destrói tudo

Alberta Sordi (*)

Tenho a idade dos papiros, mas nunca fiz plástica. Cultivo cada ruga, cada sulco, cada pêlo no queixo com o mesmo carinho que dedico às gloxínias que mantenho – cada uma solitária em seu vaso – na varanda onde assisto ao sol morrer todo dia. Apesar da idade, jamais presenciei uma aurora. A luz natural me é nociva e na minha pele tem o poder de uma gota de súlfur sobre uma rosa. Ao chegarem os primeiros frescores da noite, escolho um de meus copos de haste para enchê-lo com vinho tinto seco ou champagne brüt. Meus dedos curvos e paralisados pela artrite não mais escrevem: dito meus textos em voz alta e quase sem pausa para que Lédia – minha fiel secretária e que pensa me odiar secretamente há mais de 30 anos – anote tudo com rapidez taquigráfica.
Nua diante do espelho, vejo tomates secos circundados por textura de casca de noz, ameixa seca e centenas de passas de uva misturando-se às ramificações esverdinhadas que, devido à péssima circulação, culminam em azulados nódulos. E tantos caminhos e bifurcações dão ao meu corpo a aparência de um imenso mapa rodoviário.
Passo os dias buscando meus melhores momentos em cantos remotos da memória. Meu verbo é sempre pretérito e meu futuro se resume às próximas horas em que conseguirei respirar sem a ajuda de aparelhos. Não fiz descendentes – o que me parece um favor à humanidade.
Então, por que não me mato? Não gosto da sujeira que a morte faz quando provocada. Prefiro recebê-la bem-vestida e perfumada, no peito aquela sensação de que o amante está para chegar. Na varanda, onde assisto ao sol morrer todo dia, brindo ao segundo preciso do abraço definitivo. E espero que seja hoje.

(*) Alberta Sordi acredita que “melhor idade” só fica bem em propaganda de seguro

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O primeiro amor real

A primeira vez que não cobro. É, pela primeira vez experimento o amor sem cobranças. Aquele que é verdadeiramente o laço - caso se desfaça permanecerá inteiro como deve ser. Esse amor que liberta, me liberou das cobranças de mim mesma. Me ensinou a amar a Letícia, a guria simples que veio do interior, que nada tem a ver com o glamour da Laura. A guria que sente medo, carência, rejeição, mas que não teme errar, começar de novo, se mostrar como é em sua simplicidade e sua excentricidade.
O amor que ama a recusa, inclusive; que ama o freio à vaidade, que impõe limites, que é deliciosamente e loucamente original nos devaneios, nas letras e nos silêncios.
Só há um enigma a resolver: sentimentos já existem e eles não se reciclam. Fazemos o que agora?
Já me joguei... e não quero voltar sem você...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Cinza

O dia estava cinza como eu. Cinza porque o preto é ícone de tristeza e o branco é ícone da alegria. Assim eu simbolizei as cores do meu dia. O amarelo do sol, o azul do céu, o prata da chuva, tudo era coadjuvante. O cinza é ícone do aprendizado. E não existe aprendizado sem tristezas e alegrias. Quando se mistura tudo num caldeirão e se tira proveito dos reveses ou não se deixa a alegria acordar a vaidade do sono profundo, tudo fica cinza. É um modo bonito de ver a vida. Há verdade no cinza.
Não é simplesmente estar feliz ou triste. É ser autêntica consigo mesma. Descobrir a verdade interior, a poesia do pôr-do-sol, a pieguice das palavras doces e o remédio que elas representam na vida de muita gente, o tom do céu de outono, o chamado do mar, a música das ondas e das chuvas, o prazer dos olhares e das palavras não ditas, o silêncio que ecoa nas almas surpresas, a matemática do amor.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Je T'aime Tant

Tu me suis, tu me souris,
Dans la nuit, tu me séduis
Je sais que tu sais
Que je ne sais plus qui je suis
Je t'aime tant,
Je t'aime tant, pourtant
Comme le temps qui passe et ment,
J'attends

Toujours perdante, tu me tourmentes
Et tes désirs me prirent pour me détruire
Je prends un certain plaisir a souffrir
A me punir, a me repentir

Toujours soumise, tu me méprises
Tu me rejettes, tu me maltraites
Douleur et désir sont synonymes de mon plaisir
Je m'abandonne aux hommes
Sans souci ni tourment
Je me suis perdue sans retenue pour un jeune homme
Un peu hors de la norme

Tu me cherches, tu me guettes
Tu me tiens et je me sens bien
Tu me prends si lentement
Je desapprends puis tu me rends au mon tourment

Je serai ce qui te plait
La lumière sur ta peau
Celle qui attend a ta porte
Et celle qui... peu importe
Je serai ce que tu veux
La sueur sur ton front
La brise dans tes cheveux
Ou celle qui te brisera le cou

Je te souris, je te nuis
je t'aime, je t'aime
Je te détruis
Je te tiens et tu viens
Tout est bien qui finit bien

Tu sais que je sais
Que tu ne sais plus qui tu es
Depuis que tu t'adonnes
A nos petits jeux hors de la norme

Je te plais, tu me plais
Nous sommes les amants du tourment
La nuit nous tuons l'ennui
L'amour toujours nous suit
L'amour toujours nous fuit
L'amour toujours nous détruit
Comme la pluie et l'oubli,
Comme des cris dans la nuit

Je t'aime tant
Je t'aime tant, pourtant
Je t'aime tant
Je t'aime tant!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Meu sexo - Strange

Cálido, fálico e esdrúxulo
Torto, sinistro e laico
Este é o meu sexo

Não sou homem ou mulher
Sou andrógino e assexuado alguns minutos

Quero o teu sexo
Procuro o teu cheiro
E o que encontro?
Desprezo

Por que ainda te quero se tanto foges?
Por que se tu foges, então não me deixas?

Acho que meu fogo não te queima
Meu furor não perpassa o teu
E meus gemidos são obtusos aos teus sentidos

Dúvida...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

quem não é poeta

Quando leio minhas idéias: me aprendo. Quando somente as penso: neurose!
Emerson Penso é arquiteto, nascido em Videira, interior de Santa Catarina. Escreveu muitos textos interessantes e sensíveis, mas jamais os publicou. Os quatro poemas abaixo são de sua autoria e dispensam comentários

Fragmento 4

Notas de perfumes, músicas e lascivos caprichos,
no epicentro dos meus sentimentos, acalenta
a volúpia dos desejos
insanos.
Sangue, carne e boca! Frio é meu peito
na sombra da dúvida. Procissão de almas
perdidas,
de rostos desconhecidamente familiares.

Maldito desejo de liberdade, exige-me, mais uma vez, escolher.
Cá estou eu na encruzilhada, esperando o cortejo...

...espero por você!

Não tarde por fazer seu corpo desnudo aos meus olhos,
quente em minha pele,
complementar ao meu desejo.

Grito no silêncio...

Inerte

Estranheza com sabor de pétala, carrossel sem música.
Pudor com cor de amora em preces com ferro de sangue.
Punhados de orgulho embalados em toques de carrilhão.
O peito emoldura relicário de sentimentos, sabor de sílaba,
brilho de casca de maçã: verdade é o grito mudo da alma.
Póstumos são os começos que se fazem desnudos em fim.

Púrpura

Tuas lágrimas chovem com simetria
sobre a compreensão de flores púrpura.
Desabrochares trêmulos, hesitantes,
ao vento dos tempos vividos.

Desfaleces insípida, catártica!
São teus temores: flores-de-lis.
Tranqüilo é o desconhecido - incerto!
Um lugar esquecido na tua sombra.

Utópio

Sinto prazer do ópio
aglutinado nas palavras.
Como(!) sinto prazer das alucinações
que me fazem maior na superfície silábica.
E sentimentos etimológicos
me recordam de quem sou!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O que se ouve de quem não se vê...

Pai de infinita bondade e misericórdia, abre nossos olhos do coração para que não permitamos que a vaidade cegue nossas trilhas, não macule nossa alma e não manche nosso espírito fraterno.
Que todo mal que habita em nós não ganhe força diante dos nosso desafios e das recusas que recebermos em nossa trajetória.
Que todos os nossos pensamentos sejam vigiados não pelo temor do pecado, mas pela vontade de progredir e respeitar a nós mesmos e ao próximo.
Que todo aquele que procure ajuda de forma sincera, encontre em nós amparo. E que se a força faltar para a ajuda concreta, que não falte o espírito de solidariedade e conforto.
Que o melindre seja expurgado da nossa conduta e da nossa consciência.
Que consigamos enxergar no outro o espelho de nossos próprios atos e tenhamos coragem e humidade para combater nossas próprias misérias.
Que o julgamento passe longe da nossa boca e do nosso pensamento e habite sempre nossa auto-crítica.
Que saibamos perdoar infinitamente, sobretudo a nós mesmos, e que esse perdão seja profundo e pacífico, sendo combustível para remover as pequenas pedras do nossos caminhos.
Que as grandes pedras sejam reconhecidas e as pequenas respeitadas como degraus da nossa evolução.
Que a gratidão seja perene, abundante e infinita por tudo e por todos.
Enfim, Pai, que o amor possa brotar em nosso coração da forma mais sincera que nossa alma consiga alcançar. E que desse amor, surja a pureza e a força na mesma medida para que haja amor próprio, generosidade, calor humano, esperança, fé, sorrisos, afagos, afetos, abraços, paixão pela vida e um caminhar seguro em direção aos teus braços.

Assim Seja!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

O fetiche feminino

2004, Andréa e eu éramos amigas há dois anos, mas já tínhamos intimidade de amigas de infância. Andréa era como eu, descolada, falava de suas preferências e desejos abertamente. Eu era casada com Tarcísio e Andréa namorava Bruno há poucos meses. O corpo de Andréa sempre chamou a atenção dos marmanjos por ser estilo guitarra. Linda bunda, lindas coxas e belos seios. Eu sempre fui mais farta, mas arrancava olhares frequentemente. Era comum ser elogiada pelos seios e pelas pernas, além dos olhos verdes.
Tarcísio sempre foi ciumento e por isso não costumava comentar meus desejos extraconjugais, digamos assim. Bruno era mais liberal e tinha um grande desejo: transar com duas mulheres. Como já me conhecia há muito tempo e sabia das nossas conversas sacanas, resolveu fazer um pedido especial de aniversário: queria nós duas por uma noite toda!
Topei com a condição que Tarcísio jamais ficasse sabendo e que fosse um dos dias de plantão dele. Tarcísio era para-médico e duas vezes por semana passava as noites fora socorrendo vítimas de acidentes na BR-040.
No dia marcado, uma terça-feira, fomos ao apartamento de Bruno com todos os nossos brinquedinhos: gel, bolinhas, vibradores, anéis penianos e dadinhos eróticos, além das roupinhas especiais, claro. Só vestíamos uma capa. A minha era de gabardine preta e a de Andréa era vermelha. Por baixo, cintas-liga e espartilhos. O meu vermelho e preto, e o dela branco.
Bruno nos esperava com champagne e morangos, além de outros brinquedinhos “auxiliares”. Como ele gostava de maquiagem fizemos questão de passar um batom vermelho carmim que não saía no contato das bocas.
De cara já notamos a empolgação do rapaz, só de cuecas. Andréa conhecia bem o moço, mas eu não àquele ponto. Ela havia me dito que ele era bem dotado. Neste dia pude verificar a informação. Bruno era descendente de árabes, alto, corpo forte e pêlos no peito. Um tesão de homem! Cheiroso, boa pegada, começou a me abraçar com força e logo arrancou minha capa. Inclinei a bunda a rocei no pau dele. O rapaz ficou doidinho e então eu disse, com uma cara maliciosa: -- Espere até ver minha boca nele! Andréa riu, mas ficou excitada com a minha “tirada”.
Então ela veio até a mim e me abraçou, pôs a mão na minha bunda e começou a alisá-la olhando para Bruno. Eu segurei o rosto dela com firmeza e a beijei. Que beijo! Nunca havia beijado uma mulher, mas era delicioso. Delicado e sensual. A língua se move mais lentamente provocando os sentidos.
A essa altura Bruno já estava com o pau saindo da cueca de tão duro. Ele se posicionou atrás de Andréa e arrancou sua capa vermelha. Nós três ficamos encaixados nos beijando e nos acariciando. Uma delícia!
Aos poucos ele foi nos servindo champagne e nos deitando no sofá. A bebida foi subindo e deixando nossos corpos mais dispostos. Ele colocava morangos entre as nossas pernas e os comia lambendo a parte interna das coxas. Enquanto ele fazia isso com uma, a outra derramava champagne nos seios da outra e lambia. Uma sucessão de lambidas, findada com uma chupada coletiva no lindo membro de Bruno.
Sem soltar nossos corpos, fomos nos encaminhando para o quarto, onde apenas velas estavam acesas e lençóis negros de cetim nos aguardavam. Luxo total, sedução e muito tesão.
Bruno deitou e pediu que continuássemos a chupá-lo. Quando sentimos seu pau pulsar prestes ao gozo, paramos para que ele comesse uma de nós. Ele preferiu a novidade e me puxou pela cintura pra cima dele. Cavalguei naquele pau delicioso até gozar. Andréa assistia a tudo maravilhada, me dando tapas na bunda.
Me pos de quatro e lambeu meu cuzinho me deixando maluquinha. Pegou um dos brinquedinhos e pos no meu buraquinho enquanto penetrava minha xana. Uma bombada atrás da outra e aquele troço vibrando no meu cu... fui às nuvens e voltei, muitas vezes!
Andréa entrou embaixo do meu corpo e lambia meus seios e barriga, aumentando a sensação de arrepio.
Bruno me fez gozar duas vezes e partiu para o seu prato favorito: a gostosura da Andréa! Que cena linda foi observar ele come-la. Era feito com tesão e ao mesmo tempo carinho porque os dois se amavam. Me senti muito bem por estar observando aquela cena linda e, melhor, participando!
Os dois treparam de todas as maneiras até que ele puxou o corpo de Andréa até que ficasse sentado no seu rosto e me ordenou que sentasse no seu pau novamente.
Enquanto ele me comia mais uma vez, chupava a Andréa. Pena que ninguém filmou porque seria uma cena linda, excitante e de extremo bom gosto, assim como nós três.
Volta e meia os gatos persas de Bruno davam uma espiadinha no bacanal-chique, como que com inveja.
Por fim, já tendo gozado várias vezes, ele fez seu último pedido: ver nós duas transando.
Nos olhamos e rimos, mas fomos em frente...
Fizemos um 69 maravilhoso. Era muito bom chupar uma xana. Se soubesse o quanto, teria feito antes. Ela se contorcia a cada lambida e eu reagia com sua língua ágil.
Bruno batia uma enquanto olhava a cena maravilhado. Gozamos uma na boca da outra e ele espirrou porra na gente. Foi uma simbiose de tesão incrível que pretendo repetir algum dia!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Capítulo Final – o derradeiro

Tudo era verdade até o dia em que Laura resolveu contar sobre sua emoção. Era tudo perfeito, fluía com gosto de primavera, mas algo perturbava seu sono, soprava aos seus ouvidos. – Conte a ele, Laura, conte como você se sente! Conte rápido antes que o encanto termine...
Laura tomou coragem e contou. Foi uma noite tumultuada, com sombras, pavores e esperanças. Lá se foram horas de sonhos, pensamentos e treinos para escrever o que era adequado. Com a cabeça confusa e povoada por centenas de frases vindas das bocas de Pedro, Cosmo, Isadora, Joana, Leandro, Peixe, Patrícia e Aquiles, de uma vez só Laura escreveu as duas páginas do desfecho.
Ela sabia que o amava, desde o dia em que viu Pedro pela primeira vez. Sua alma havia lhe contado em segredo. Porém, como todos os seres que tentam ser reais fazem, ela tentou negar. Negou amar, negou amor por ele, negou ser personagem, negou ser ela mesma, negou ser gente. E voltou ao ponto inicial.
Laura sabia que Pedro a abandonaria, pois seria pesado demais para sua alma-personagem suportar um amor tão real. Porém, agora Laura não era mais uma personagem, nem Pedro era mais um fetiche. Contando a verdade ela terminou com a fantasia, mas iniciou a fábula do real.
E foram todos inteiros para sempre!
 
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