segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O crédito sem fim

Dias passados. Era tudo lembrança e nostalgia. Foram poucas vezes que o meu eu real se viu recompensado por sua essência generosa...
Mas a personagem sempre recebia recompensas. Todos os homens mais interessantes sempre caiam aos seus pés. Se não caiam, ficavam encantados e, com o tempo, ou se tornavam seus amantes, ou seus amigos, ou os dois! Que mais poderia querer da vida? Bastava olhar, desejar, e tudo acontecia; melhor até do que planejara. Não havia débitos, apenas créditos. Todos tinham crédito com ela porque era doação sem fim. Tudo era recompensado e recompensador na medida dos seus caprichos.
Sua família era linda, ela era brilhante! Seus irmãos eram belos e amorosos, ela era a guia! Seus pais eram o modelo de relacionamento moderno pseudo-social, ela era o reflexo! Todos haviam conquistado aquele espaço deliciosamente e minuciosamente planejado por ela e ela manipulava esse espaço.
Absolutamente tudo era lícito e conveniente na mesma medida. O controverso era empírico e a experiência era a razão. O crédito jamais teria fim porque não havia débito.
Ela fazia tudo que sua cabeça mandava e seu orgulho moldava. Assim, se era prudente ser benéfica, fazia a boa ação sem esperar retorno porque o retorno era o próprio ato e o prazer que o cálculo da atitude proporcionava. Era feliz assim, linda, altruísta, descolada, vanguardista. Não havia falhas, não era necessário ter crédito para se beneficiar. Bastava estar no alvo dela.

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